Aquele abraço


Perdi minha mãe quando nem sabia o que era perder. Perdi meu avô quando já sentia falta. Perdi meu primo quando não esperava me despedir de ninguém. Quase não abracei minha mãe. Abracei pouco meu avô. Não abracei o quanto queria o meu primo. E assim entendi que perdas e abraços podem acontecer a toda hora, a diferença é que só os abraços dependem de nós.
Então corra pro abraço!
Aquele abraço gostoso, aconchegante, reconfortante.
Abraço de urso, abraço apertado, abraço de reencontro, abraço de oi e de tchau. Abraço surpresa, abraço roubado, abraço sem motivo nenhum. Abraço juntinho ou com tapinha nas costas. Abraço para foto, abraço que consola, abraço que comemora, abraço de gooool. Abraço que demora demais, abraço em câmera lenta na praia. Abraço sem jeito, abraço com jeito. Conchinha – que é o abraço deitado, cavalinho – que é o abraço no pai, montinho – que é o abraço infantil. Abraço na ponta do pé pra alcançar, abraço curvado pra aproximar. Abraço suado (urgh!). Abraço de duas pessoas, três ou todo mundo junto.
Aquele abraço. Seu abraço.
Abra-se, abrace.
Abrace pessoas, abrace a vida, abrace o que aparecer pela frente. 
Porque, no fim, o abraço que mais sentimos falta é aquele que ficou para mais tarde.