Eternidade momentânea


Sempre não é uma medida de tempo, é uma medida de intensidade.
Podemos simplesmente amar, podemos amar muito ou podemos amar para sempre, que é o mais alto grau de entrega.
Se gostamos de um lugar, vamos sempre. Se gostamos de alguém, falamos sempre. Sempre? Sim, muito, quase todo dia ou quando podemos.
Nada disso é literal, mas emocional.
Amamos para sempre porque amamos tanto que achamos que aquele instante é muito pouco e precisamos de uma eternidade para fazer caber.
Como também achamos que uma só visita à casa da amiga não mata a saudade e uma xícara de um delicioso café não mata a vontade. Então vamos sempre, então bebemos sempre.
Queremos ser jovens a vida inteira – mas como podemos controlar o tempo e sermos eternos, tentamos ser sempre jovens. O mais jovial possível.

Que seja infinito enquanto dure, Vinícius?
Pois então que dure para sempre.
Para sempre muito.
Para sempre enquanto durar o sentimento
enquanto tiver emoção.
pelo tempo que der vontade.
Até não sentir mais. Até sentir menos. Até encher o saco. Até mudar de opinião.

Até lá, vivemos essa eternidade momentânea.

Porque aquele minuto em que acreditamos que seremos felizes por todos os dias de nossas vidas,
em que temos a certeza de amar mais do que tudo
ou em que estamos comendo o bolo preferido feito pela avó,
pode não durar para sempre.
Mas é muito, é forte, é intenso.
De tão bom que é, é como se durasse.